segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ama-me

Ama-me, poeta, que a vida é breve
E está presa a um tênue fio
Que pode romper-se de repente
E levar-nos a conhecer da morte o frio

Ama-me, poeta, que o vento é leve
Mas um momento é o bastante
Para torná-lo vendaval
E varrer-nos um do outro num instante

Ama-me, poeta, que o viço passa
Que o tempo passa
E a própria vida passa

A juventude passa
E não seremos os mesmos
E estaremos a esmo
Chorosos do amor que perdemos

Ama-me enquanto nos embala
Esta doce e delicada sonata
Enquanto os olhos ainda contemplam a beleza
Da lua cheia na fria madrugada

Ama-me enquanto ainda podes
Toma-me, faz-me mulher
Que não quero tornar a chorar
Por ti uma gota sequer

Ama-me, que não quero a saudade
Daquilo tudo que não vivemos
Não quero o amargor de um sonho
Que realizar não pudemos

Por isto tudo, poeta, ama-me agora
Que nesta vida só a morte é certa
E o tempo... Ah, o tempo
Este logo vai-se embora

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