sábado, 2 de fevereiro de 2008

Devaneio

À noite caio prostrada no leito
Depois de muito prantear
É desespero, amor, é medo
Que me faz devanear

O luar tortura-me cruelmente
Aumenta o desejo de te encontrar
E o sol da manhã castiga-me impiedosamente
Quando te não vejo no leito a me tocar

Já maldisse o sentimento que em mim
É pleno, é total, é sem fim
Já ofendi, gritei, mandei embora
Já me machuquei para a ele agredir

Mas a verdade é que essa dor que existe
É tão menor que o sabor que sinto
E quando maldigo, amor, eu minto
É por delírio, devaneio que a dor permite

Amor é

Amor é uma angústia doce
Uma amargura que se saboreia
Com a alma morta de penas
E o coração cheio de prazer

Amor é o caminhar espontâneo
Para a morte lenta e dolorosa
E caminha-se assim rapidamente
Com uma alegria assombrosa

Mas engana-se aquele que pensa
Ser o amor sentimento contraditório
Ou ainda, ser difícil de entender

Amor é simples como o riso da criança
Coeso como as cirandas da infância
E belo como o dourado alvorecer

Por que te escondes?

Anjo meu, por que não sabes
Que se te vejo taciturno
Os dias de tíbio sol
Escondem-se no breu noturno?

Anjo meu, então não vês
Que se lágrimas correm dos teus olhos
Num instante nelas estou
Debatendo-me em mergulhos?

Por que escondes, amor meu, o teu sorriso
Tão despojado de tudo, tão bonito
Tão inocente e infinito
Refrigério dos tormentos do destino?

Por que poupas o meu corpo gélido
Do calor de tuas mãos lívidas
E me pões quase convulsa em desespero
Com sede dos teus carinhos, do teu zelo?