tag:blogger.com,1999:blog-12889551590076853512024-02-21T04:51:16.543+13:00Brigit CeridwenO poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando PessoaBrigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.comBlogger27125tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-55966628942752347682008-02-02T08:40:00.000-11:002008-02-02T08:44:28.079-11:00Devaneio<strong>À noite caio prostrada no leito</strong><br /><strong>Depois de muito prantear</strong><br /><strong>É desespero, amor, é medo</strong><br /><strong>Que me faz devanear</strong><br /><strong></strong><br /><strong>O luar tortura-me cruelmente</strong><br /><strong>Aumenta o desejo de te encontrar</strong><br /><strong>E o sol da manhã castiga-me impiedosamente</strong><br /><strong>Quando te não vejo no leito a me tocar</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Já maldisse o sentimento que em mim</strong><br /><strong>É pleno, é total, é sem fim</strong><br /><strong>Já ofendi, gritei, mandei embora</strong><br /><strong>Já me machuquei para a ele agredir</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Mas a verdade é que essa dor que existe</strong><br /><strong>É tão menor que o sabor que sinto</strong><br /><strong>E quando maldigo, amor, eu minto</strong><br /><strong>É por delírio, devaneio que a dor permite</strong><br /><strong></strong><br /><strong></strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-39901990197799829942008-02-02T08:30:00.000-11:002008-02-02T08:33:33.405-11:00Amor é<strong>Amor é uma angústia doce</strong><br /><strong>Uma amargura que se saboreia</strong><br /><strong>Com a alma morta de penas</strong><br /><strong>E o coração cheio de prazer</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Amor é o caminhar espontâneo</strong><br /><strong>Para a morte lenta e dolorosa</strong><br /><strong>E caminha-se assim rapidamente</strong><br /><strong>Com uma alegria assombrosa</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Mas engana-se aquele que pensa</strong><br /><strong>Ser o amor sentimento contraditório</strong><br /><strong>Ou ainda, ser difícil de entender</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Amor é simples como o riso da criança</strong><br /><strong>Coeso como as cirandas da infância</strong><br /><strong>E belo como o dourado alvorecer</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-27478223827277964162008-02-02T08:12:00.000-11:002008-02-02T08:17:39.099-11:00Por que te escondes?<strong>Anjo meu, por que não sabes</strong><br /><strong>Que se te vejo taciturno</strong><br /><strong>Os dias de tíbio sol</strong><br /><strong>Escondem-se no breu noturno?</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Anjo meu, então não vês</strong><br /><strong>Que se lágrimas correm dos teus olhos</strong><br /><strong>Num instante nelas estou</strong><br /><strong>Debatendo-me em mergulhos?</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Por que escondes, amor meu, o teu sorriso</strong><br /><strong>Tão despojado de tudo, tão bonito</strong><br /><strong>Tão inocente e infinito</strong><br /><strong>Refrigério dos tormentos do destino?</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Por que poupas o meu corpo gélido</strong><br /><strong>Do calor de tuas mãos lívidas</strong><br /><strong>E me pões quase convulsa em desespero</strong><br /><strong>Com sede dos teus carinhos, do teu zelo?</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-40392203444869815052008-01-25T10:38:00.000-11:002008-01-25T10:52:14.353-11:00A ti, corpo cansado<strong>Tomba-te de uma vez, corpo vil!</strong><br /><strong>Invólucro do nada, do vazio</strong><br /><strong>Pois que minha alma desgraçada</strong><br /><strong>Já se esvaiu pela fenda da ferida</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Não lutes uma batalha já perdida</strong><br /><strong>Aceita esta tua sorte que é maldita</strong><br /><strong>Mas é a única que o destino reservou</strong><br /><strong>Para este teu insistente "viver de amor"</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Quando estiveres convulso</strong><br /><strong>Não te aproveites de um impulso</strong><br /><strong>Para tentar novo levante</strong><br /><strong>Rende-te à febre, à dor lacerante</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Não busques naquele anjo melancólico</strong><br /><strong>Que te abraça e jura que te ama</strong><br /><strong>Refrigério para teu enfadonho drama</strong><br /><strong>Deixe logo que se apague tua chama</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Aceita, corpo cansado, o teu destino</strong><br /><strong>A morte - para uns hora temida</strong><br /><strong>Para ti alegre sorte, única saída</strong><br /><strong>Que assim liberas tua alma a descansar no paraiso</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-72796559637837776372008-01-22T04:09:00.000-11:002008-01-22T04:14:32.563-11:00A ti, poeta vil<strong>Tentaste-me seduzir com tua poesia vil</strong><br /><strong>Escolheste vocábulos dóceis</strong><br /><strong>Talhaste bem as estrofes</strong><br /><strong>Deste aos versos fluído tranquilo</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Tentaste-me cegar para que eu não visse</strong><br /><strong>O quão miserável era o que me querias dar</strong><br /><strong>Como era mísero este teu "amar"</strong><br /><strong>Egoísta, pequeno, louco!</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E quase me perdi no que disseste</strong><br /><strong>Fadando-me à prisão de um destino sórdido</strong><br /><strong>Pois que condenação mais perversa há</strong><br /><strong>Que a de jamais provar do que o verdadeiro amor pode dar?</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Mas tua poesia chafurda na lama, poeta!</strong><br /><strong>É porca, é vil, é nojenta!</strong><br /><strong>E a lama irrita, uma hora, aos olhos sensíveis</strong><br /><strong>E os versos, então, já não são críveis</strong><br /><strong></strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-48775845607839024942008-01-22T03:52:00.000-11:002008-01-22T03:55:57.098-11:00Estranha saudade<strong>Ontem chorei de saudade</strong><br /><strong>Dos beijos que ainda não demos</strong><br /><strong>Do amor que jamais fizemos</strong><br /><strong>Das juras eternas que nao me fizeste</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E era uma saudade louca</strong><br /><strong>Do teu calor que ainda não senti</strong><br /><strong>Dos teus prazeres que eu não conheci</strong><br /><strong>Do teu toque suave que minha pele não sentiu</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E essa saudade do que ainda não vivi</strong><br /><strong>Consome-me a alma frágil de poetisa</strong><br /><strong>A nostalgia invade-me, se vem a brisa</strong><br /><strong>Ou se ouço ao longe o cantar de um colibri</strong><br /><strong></strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-5598156586052457522008-01-21T04:54:00.000-11:002008-01-21T05:06:23.786-11:00Desventuras<strong>Dei-te o amor que nunca vislumbraste</strong><br /><strong>Dei-te corpo e alma com os quais nao sonhaste</strong><br /><strong>Dei-te a instabilidade juvenil</strong><br /><strong>O porte meigo, quase infantíl</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Dei-te os carinhos que jamais recebeste</strong><br /><strong>Dei-te fresco suco, do qual nunca bebeste</strong><br /><strong>E joguei os laços, nos quais te prendeste</strong><br /><strong>E ali ficaste, na companhia vil da insegurança</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Dei-me toda a ti, cada oculto pedaço</strong><br /><strong>E entranhada em mim te veio a esperança</strong><br /><strong>Que não te permitias ter</strong><br /><strong>Porque me associaste à inconstância</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E se te dei tão flagelantes sentimentos</strong><br /><strong>Se te tirei o sono por noites e lancei-te ao relento</strong><br /><strong>Foi por querer dar-te o amor que merecias</strong><br /><strong>Por querer ser o teu anjo, tua alegria</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Mas saibas que amor a mim me trouxe na bagagem</strong><br /><strong>A idéia permanente do oasis, da miragem</strong><br /><strong>O abraço frio e estreito da incerteza</strong><br /><strong>E o medo infinito e lacerante</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Por ti passei noites inerte</strong><br /><strong>Em lágrimas gélidas e amargas</strong><br /><strong>Não te ter, ao meu lado, onde estiveste</strong><br /><strong>Neste meu leito onde sou mulher e sou menina</strong><br /><strong>Fazia de minh'alma pobre náufraga</strong><br /><strong>Nos sonhos onde antes navegava</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-18527027324712916522008-01-21T04:32:00.000-11:002008-01-21T05:16:14.871-11:00A poesia é<strong>A poesia grita</strong><br /><strong>A poesia irrita</strong><br /><strong>Meus ouvidos cansados</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia sai</strong><br /><strong>Não pede licença</strong><br /><strong>Não tem clemência</strong><br /><br /><strong>Os versos suplicam</strong><br /><strong>Que eu os faça fluir</strong><br /><strong>Que os deixe sair</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia machuca</strong><br /><strong>O peito lacerado</strong><br /><strong>Do poeta exausto</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia é vil</strong><br /><strong>Delírio febríl</strong><br /><strong>Que consome a alma</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia é calma</strong><br /><strong>É quimera</strong><br /><strong>É verdade</strong><br /><strong>É mentira</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia ama o vagabundo</strong><br /><strong>A meretriz</strong><br /><strong>A donzela</strong><br /><strong>A cadela</strong><br /><strong>O moribundo</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia é a fera</strong><br /><strong>Que salta da jaula</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A poesia é a flor</strong><br /><strong>De aparência delicada</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Tudo é poesia</strong><br /><strong>E a poesia é tudo! </strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-74161916094975249002008-01-21T04:14:00.000-11:002008-01-21T04:21:36.044-11:00Ama-me<strong>Ama-me, poeta, que a vida é breve</strong><br /><strong>E está presa a um tênue fio</strong><br /><strong>Que pode romper-se de repente</strong><br /><strong>E levar-nos a conhecer da morte o frio</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ama-me, poeta, que o vento é leve</strong><br /><strong>Mas um momento é o bastante</strong><br /><strong>Para torná-lo vendaval</strong><br /><strong>E varrer-nos um do outro num instante</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ama-me, poeta, que o viço passa</strong><br /><strong>Que o tempo passa</strong><br /><strong>E a própria vida passa</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A juventude passa</strong><br /><strong>E não seremos os mesmos</strong><br /><strong>E estaremos a esmo</strong><br /><strong>Chorosos do amor que perdemos</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ama-me enquanto nos embala</strong><br /><strong>Esta doce e delicada sonata</strong><br /><strong>Enquanto os olhos ainda contemplam a beleza</strong><br /><strong>Da lua cheia na fria madrugada</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ama-me enquanto ainda podes</strong><br /><strong>Toma-me, faz-me mulher</strong><br /><strong>Que não quero tornar a chorar</strong><br /><strong>Por ti uma gota sequer</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ama-me, que não quero a saudade</strong><br /><strong>Daquilo tudo que não vivemos</strong><br /><strong>Não quero o amargor de um sonho</strong><br /><strong>Que realizar não pudemos</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Por isto tudo, poeta, ama-me agora</strong><br /><strong>Que nesta vida só a morte é certa</strong><br /><strong>E o tempo... Ah, o tempo</strong><br /><strong>Este logo vai-se embora</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-751560964393055792008-01-20T16:43:00.001-11:002008-01-20T16:47:35.493-11:00Soneto do amor infinito<strong>Amo-te com a doçura</strong><br /><strong>Da rosa ainda pura</strong><br /><strong>Pela primeira vez tocada</strong><br /><strong>Pelo frescor da alvorada</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Amo-te com a imperfeição</strong><br /><strong>De tudo o que é perfeito</strong><br /><strong>Amo-te com coração</strong><br /><strong>Com a alma a me escapar do peito</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E se te amo, com a fúria de uma fera</strong><br /><strong>Se eu te amo além da espera</strong><br /><strong>Além das penas e da saudade</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Se eu te amo com a calma da brisa</strong><br /><strong>Como a fênix ama a cinza</strong><br /><strong>Toma-me, pois sou tua, por toda a eternidade</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-30019630378690291692008-01-20T16:31:00.000-11:002008-01-20T16:36:19.681-11:00Minha oferta a ti<strong>Tudo o que te ofereço é um amor errante</strong><br /><strong>É o infinito de um instante</strong><br /><strong>É um sentimento imperfeito</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ofereço-te a amante ingênua</strong><br /><strong>A feiticeira, a amiga</strong><br /><strong>A prostituta - donzela ambígua</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ofereço-te a segurança tênue</strong><br /><strong>A efemeridade e a eternidade</strong><br /><strong>O paradoxo em imensidade</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Não te ofereço, amor, mais do que posso</strong><br /><strong>E o que posso talvez seja pouco</strong><br /><strong>Ou talvez seja louco</strong><br /><strong>O amor, o amante</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Ofereço-te, então, o que tenho</strong><br /><strong>Um desejo ferrenho</strong><br /><strong>De estar ao teu lado</strong><br /><strong>E eternizar cada instante</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-49757549896977369252008-01-17T03:02:00.000-11:002008-01-17T03:07:10.030-11:00No Fundo Dos Teus Olhos<strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Encontro segurança</strong><br /><strong>Para ser insegura</strong><br /><strong></strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Doce melancolia</strong><br /><strong>Vívida alegria</strong><br /><strong></strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Dois lumes de esperança</strong><br /><strong>Remédios que me curam</strong><br /><strong></strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Perco-me</strong><br /><strong>Encontro-me</strong><br /><strong></strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Meu refúgio</strong><br /><strong>Minha fuga</strong><br /><strong></strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Já não há mais a cidade</strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Esta estreita imensidade</strong><br /><strong></strong><br /><strong>No fundo dos teus olhos</strong><br /><strong>Descanso</strong><br /><strong>Espero</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-51630201034720867662008-01-03T02:45:00.000-11:002008-01-03T02:50:24.425-11:00Um Brinde<strong>Brindemos à morte</strong><br /><strong>Alegre sorte</strong><br /><strong>Dos desventurados</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Brindemos à noite</strong><br /><strong>Que é como açoite</strong><br /><strong>Ao coração enamorado</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Brindemos às lágrimas</strong><br /><strong>Que rolam amargas</strong><br /><strong></strong><strong>De um rosto pálido</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Brindemos à fadiga</strong><br /><strong>De um corpo cansado</strong><br /><strong>Já quase prostrado</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Enfim brindemos ao amor</strong><br /><strong>Paradoxo belo</strong><br /><strong>De ventura e dor</strong><br /><strong></strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-22789519943838880492008-01-02T11:14:00.000-11:002008-01-02T11:29:52.627-11:00Versos Malditos<strong>Maldigo minha própria poesia</strong><br /><strong>Que não é nada, senão sentença cruel</strong><br /><strong>Dada em palavras bonitas</strong><br /><strong>Em métrica bem estabelecida</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Maldita seja minha poesia</strong><br /><strong>Que brota de um coração dilacerado</strong><br /><strong>Por entre a dor, por entre o sangue</strong><br /><strong>E sai pela fenda de um peito rasgado</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Malditos ouvidos que a ouvem</strong><br /><strong>O dos boêmios, que têm por teto a noite</strong><br /><strong>E buscam alento num copo de vinho</strong><br /><strong>Por terem querido a flor, e recebido o espinho</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Tolos ébrios que caminham na direção da sentença</strong><br /><strong>Matam-se de um amor venenoso que os consome</strong><br /><strong>Não lembram que o poeta que profetiza a própria morte</strong><br /><strong>Também conhece o destino dos demais amantes</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Amor não é nada além de um sedutor</strong><br /><strong>O algoz dos corações frágeis e sonhadores</strong><br /><strong>Revela esplendorosamente seu furor</strong><br /><strong>Para que não resistamos a morrer de amores</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E quantas vezes ja se leu tal verdade em versos?</strong><br /><strong>Quantos pobres condenados já não testemunharam a própria dor?</strong><br /><strong>Mas que palavras duras se fazem necessárias para convencer o</strong><br /><strong> [apaixonado</strong><br /><strong>E tirar dos seus olhos a venda mágica que torna o carrasco um</strong><br /><strong> [anjo de amor?</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-89670040577334349302007-12-20T08:36:00.000-11:002007-12-20T17:37:38.061-11:00Soneto da Morte<strong>Abraças-me, negra senhora</strong><br /><strong>Única visão da última hora</strong><br /><strong>Tomas-me em teus braços rígidos</strong><br /><strong>Olhas-me com olhos severos</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Tocas-me com as mãos gélidas</strong><br /><strong>E o frio delas transpassa-me a espinha</strong><br /><strong>Entranha-se em minha carne enrijecida</strong><br /><strong>Atinge a minha alma enfraquecida</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Tu, companheira da última hora</strong><br /><strong>Tu, mística e temível senhora</strong><br /><strong>Que não arrebatas com gracejos e beleza</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Não ouso resistir ao destino irreversível</strong><br /><strong>Contigo vou, barqueira exuberante da derradeira nau</strong><br /><strong>E faço o trajeto oposto à vida, num utero escuro, porém maternal</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-41113324264945820972007-12-14T06:08:00.000-11:002007-12-14T06:17:34.006-11:00Se Tens Medo Como Eu<strong>Tu, que tens medo de amar como eu</strong><br /><strong>Tu, que caminhas perdido no breu</strong><br /><strong>Sentes-te frágil e incapaz</strong><br /><strong>Sentes-te só e sem alento</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Segura as minhas mãos de menina</strong><br /><strong>Tão frias, tão tímidas</strong><br /><strong>Caminha comigo nessa mesma escuridão</strong><br /><strong>Em que há muito tempo eu também estou perdida</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E quando o medo for maior que a coragem</strong><br /><strong>Eu te prometo apertar as mãos</strong><br /><strong>E quando te entregares à desesperança</strong><br /><strong>Eu te prometo o inocente riso da infância</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E quando n'alguma pedra tropeçares</strong><br /><strong>Estenderei meus braços para te levantar</strong><br /><strong>E quando na escuridão já não enxergares</strong><br /><strong>Eu te darei meus olhos, e poderás caminhar</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E se o frio da insegurança te quiser abraçar</strong><br /><strong>Terás o meu corpo, para que nele te aqueças</strong><br /><strong>E se caminharmos juntos, anjo meu, tu verás</strong><br /><strong>Que o medo é bem menor que a beleza de amar</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-5047689204372606452007-12-07T03:29:00.000-11:002007-12-14T05:15:05.164-11:00O Sol e a Lua<strong>Estranhos desígnios tem o amor</strong><br /><strong>Por vezes peralta como um menino</strong><br /><strong>Liga dois destinos e dá-lhes dissabor</strong><br /><strong>Depois tece beleza com o fio da dor</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Quanta dor traz esse meu canto</strong><br /><strong>E quanta beleza, quanto encanto</strong><br /><strong>Quanta agonia e quanto pranto</strong><br /><strong>Quanta harmonia e melodia</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Pobre Lua no céu solitária</strong><br /><strong>Já não tinha motivo pra brilhar</strong><br /><strong>Sua cor tornara-se fosca</strong><br /><strong>Seu brilho quase a se apagar</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Pediu com tal doçura ao Universo</strong><br /><strong>Que a livrasse da cruel solidão</strong><br /><strong>E este encantara-se com seus versos</strong><br /><strong>Atendera-a com total dedicação</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Criou o Sol para que brilhasse</strong><br /><strong>Enquanto a Lua estivesse a descansar</strong><br /><strong>Dividiria com ela o imenso céu</strong><br /><strong>Mas jamais viriam a se encontrar</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Lua viu de longe o vivo brilho</strong><br /><strong>Sua face encheu-se de alegria</strong><br /><strong>As noites já não eram de tristeza</strong><br /><strong>Nunca antes tivera tal beleza</strong><br /><strong></strong><br /><strong>A paixão pelo Astro Rei veio a brotar</strong><br /><strong>E a dor novamente encheu a Lua</strong><br /><strong>Lembrou-se de que nunca o ia encontrar</strong><br /><strong>Lembrou-se de que não viria a ser sua</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E o brilho fez-se outra vez opaco</strong><br /><strong>O encanto já não a habitava</strong><br /><strong>As noites fizeram-se mais escuras</strong><br /><strong>Por agonia da pobre Lua apaixonada</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Astro Rei deu seu melhor nos dias</strong><br /><strong>Iluminou a beleza infinita da Terra</strong><br /><strong>Quis encher de alegria o coração da amada</strong><br /><strong>Com a força da brilhante luz dourada</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E a Lua, que por vezes se faz cheia</strong><br /><strong>Porque o impossível é possível na esperança</strong><br /><strong>Outras vezes mingua no céu da desesperança</strong><br /><strong>Pois não há sonho que nos baste eternamente</strong><br /><br /><strong>E é por isso, por estar enamorada</strong><br /><strong>Que Mãe Lua é guardiã dos corações apaixonados</strong><br /><strong>Dá-lhes seu brilho, enche-lhes os olhos de beleza</strong><br /><strong>Não se supõe que ela esconde tal tristeza</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E Astro Rei que brilha imponente</strong><br /><strong>É sinal de esperança aos que padecem</strong><br /><strong>De amor, sentimento belo e ardente</strong><br /><strong>Mas que por vezes enchem o coração de dor</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-58758490840028615572007-12-06T03:30:00.000-11:002007-12-06T10:11:14.984-11:00Canto à Deusa Mãe<strong>Que alegria sentir-me envolvida por teu amor</strong><br /><strong>Ao banhar-me na fresca água de um riacho</strong><br /><strong>Que alegria sentir teu estreito abraço</strong><br /><strong>Ao deitar-me sobre a relva do verde gramado</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Que amparo é ouvir tua voz, Ó Mãe</strong><br /><strong>Através do ruído harmônico do vento</strong><br /><strong>E sentir-me por ti tocada a cada momento</strong><br /><strong>Em que meu rosto percebe a brisa serena</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Brancas flores, verdes campos</strong><br /><strong>O azul tão vivo do céu</strong><br /><strong>O brilho tão vivaz do sol</strong><br /><strong>O mistério prateado da lua</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Revelas-te toda em beleza</strong><br /><strong>Mostras-te mãe afetuosa</strong><br /><strong>E por muito tempo não te tinha percebido</strong><br /><strong>Enquanto estavas ao alcance de um olhar</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Nada pode haver de mais sublime</strong><br /><strong>E nada se revela mais divino</strong><br /><strong>Que poder acordar a cada dia</strong><br /><strong>E sentir-se parte de tão grande harmonia</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-71269392611960892832007-12-06T02:58:00.000-11:002007-12-06T03:20:28.136-11:00Anjo<strong>Anjo guardião da noite escura</strong><br /><strong>Não me atrevo a tentar</strong><br /><strong>Pôr em meus versos mais beleza</strong><br /><strong>Do que encontro em teu olhar</strong><br /><strong></strong><br /><strong>E não há nenhum poema</strong><br /><strong>Que encante mais que o teu riso</strong><br /><strong>Tão tímido e tão intenso</strong><br /><strong>Tão ínfimo e tão imenso</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Tampouco existe uma canção</strong><br /><strong>Que soe mais doce ao meu ouvido</strong><br /><strong>Que esse teu falar manso e melódico</strong><br /><strong>Capaz de levar-me em vida ao paraiso</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Não há sensação equiparável</strong><br /><strong>A de sentir o teu abraço apertado</strong><br /><strong>A de provar o sabor dos teus beijos</strong><br /><strong>E sentir-te em meus braços tão estreito</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-88560673151575297832007-12-05T08:48:00.000-11:002007-12-05T08:59:18.579-11:00A Flor e o Passarinho<strong>Descansa, após o vôo, em minhas pétalas macias</strong><br /><strong>Suga-me o doce néctar de que precisas</strong><br /><strong>Envolve-me em tuas asas, passarinho</strong><br /><strong>Ainda que, por vezes, eu te fira com espinhos</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Faz vibrar em mim este teu canto</strong><br /><strong>Que é tão alegre e tão bonito</strong><br /><strong>Enche-me os olhos com teu belo colorido</strong><br /><strong>Aquece com teu corpo o frio de minhas pétalas</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Faz-me esquecer por um instante a dor</strong><br /><strong>De seres tu um passarinho, e eu uma flor</strong><br /><strong>Tu és a lua no céu, eu sou a estrela-do-mar</strong><br /><strong>És o raio do sol, eu sou o gelo polar</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-5540260020583722112007-12-05T08:31:00.000-11:002007-12-05T08:38:24.041-11:00Quem És Tu<strong>Quem és tu, que me fizeste perder a prudência do medo</strong><br /><strong>Quem és tu, doce sonho e persistente pesadelo</strong><br /><strong>E o que desejas deste pobre coração de poetisa</strong><br /><strong>Que já traz em si, sangrando, tantas feridas</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Quem és tu, que me levaste o medo de amar</strong><br /><strong>Quem és tu, que me fizeste voltar a sonhar</strong><br /><strong>Mas me deste o medo de outra vez cair</strong><br /><strong>O pesadelo de um dia despertar sem ti</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Quem és, anjo das noites de escuridão</strong><br /><strong>Que trazes lume para guiar meu coração</strong><br /><strong>Trazes os perfumes e os sabores do amor</strong><br /><strong>Trazes certezas tão incertas quanto o amanhã</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Eu que outrora fui prudente e racional</strong><br /><strong>Eu que não me permiti guiar por ilusões</strong><br /><strong>Entrego-me aos teus mistérios indecifráveis</strong><br /><strong>Espectadora inativa de meu próprio destino </strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-66120703727759805412007-12-04T00:34:00.000-11:002007-12-04T00:43:54.562-11:00Eu<strong>Eu que busquei o amor onde ele não andava</strong><br /><strong>Eu que tropecei nas muitas pedras do caminho</strong><br /><strong>Eu que vi meu coração ferido por espinhos</strong><br /><strong>E vi minha vida escorrer por entre os dedos</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Eu que, desiludida, maldisse o amor</strong><br /><strong>Eu que, quase sem forças, atirei-me ao chão</strong><br /><strong>Eu que enrijeci o coração e em nada via encanto</strong><br /><strong>Eu que já não podia entoar meu canto</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Eu que descri na verdade de um olhar apaixonado</strong><br /><strong>Eu que destruí a inocência em minha alma</strong><br /><strong>Eu que feri a quem me amou e fui ferida</strong><br /><strong>Eu que andei pela estrada distraída</strong><br /><strong></strong><br /><strong>Redescobri, em um sorriso, a vida</strong><br /><strong>Como a fênix das cinzas renascida</strong><br /><strong>E eu que antes não havia percebido</strong><br /><strong>Que mais se ganha ao perder o sentido</strong><br /><strong>Desfruto agora do prazer de um novo amor</strong>Brigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-20169287230873138932007-12-04T00:13:00.000-11:002007-12-04T00:19:18.068-11:00Abraça-meAbraça-me<br />Em teus braços eu me sinto protegida<br />Em teus braços já não doem as feridas<br />Que trago abertas em meu peito<br /><br />Abraça-me<br />Em teus braços já não há mais frio<br />Não há medos, nem perspectivas<br />Porque não há passado, nem há futuro<br /><br />Abraça-me<br />Sente em teu corpo o meu pulso de mulher<br />Sente meu sangue, como corre impaciente<br />Sente o calor de minhas mãos em tua pele<br /><br />E beija-me<br />Uma vez como se fosse a última<br />De uma maneira intensa e única<br />Com doçura e com voracidadeBrigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-88741026597264192007-12-04T00:09:00.000-11:002007-12-04T00:13:35.736-11:00Se Não Me AmasSe não me amas, poeta, não me faças tua<br />Não construas nosso leito à luz da lua<br />Não recostes meu corpo ainda inocente<br />Nos teus braços de amante experiente<br /><br />Se não me amas, poeta, não me faças versos<br />Pois versos enchem o coração de chamas<br />Que consomem a alma e a razão<br />Faz-nos cegos perdidos na escuridão<br /><br />Mas se me amas, poeta, toma-me<br />Embriaga-te com o licor dos meus beijos<br />Sacia por completo os teus e os meus desejos<br />E por toda a eternidade serei tuaBrigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1288955159007685351.post-58325373508313300722007-12-04T00:00:00.000-11:002007-12-04T00:09:11.015-11:00O Último SuspiroSe meu último suspiro ressonar em teus ouvidos<br />Se meu último olhar calar fundo em tua alma<br />Se teus lábios me recolherem o último beijo<br />Se com gracejos me arrancares o derradeiro riso<br />O último momento não será tão difícil<br />E viver terá valido a pena<br /><br />Se tuas mãos segurarem as minhas gélidas<br />Se meu corpo trêmulo repousar em teu regaço<br />Se forem teus olhos a enxergarem a palidez da minha tez<br />Se em teu rosto eu vir rolar a última lágrima<br />O último momento não será tão difícil<br />E viver terá valido a pena<br /><br />Se lamentares, se sofreres comigo no final<br />Se suspirares, pedindo aos céus que não me levem<br />Se te agarrares a mim buscando segurar minh'alma<br />Se provares, por amor, do veneno da dor<br />O último momento será apenas o último<br />De uma vida que terá valido a penaBrigit Ceridwenhttp://www.blogger.com/profile/05672378657552440086noreply@blogger.com0